quinta-feira, 31 de março de 2011

Natalie

quarta-feira, 30 de março de 2011

Podia ter sido um dia de sol, mas não foi...


Faço um ponytail bem arrebitado, que balança ao ritmo dos meus passos apressados enquanto desço as escadas e verifico a mala, chaves de casa: check, telemóvel (sem bateria): check, baton do cieiro: check.
Mal alcanço o hall de entrada vejo que lá fora chove, mas é coisa pouca e já vou tarde. Para quê voltar atrás para trazer uma sombrinha enferrujada? Naaa, terceiro andar sem elevador…
Seis ou sete passos na calçada e as pingas de água começam a cair directamente nos meus óculos. Se não vejo sem eles também não vejo nada com as lentes chapinhadas pela chuva, que cada vez teima a cair com mais intensidade do céu cinzento. É como se tivesse vontade própria e me quisesse dizer qualquer coisa como “Então miúda? Não dizias que andar à chuva é fixe?”. A ideia é romântica sim senhor e se reunidos determinados factores até pode ser muito bom, mas na prática quem anda à chuva molha-se e consequentemente sujeita-se a apanhar uma (romântica) constipação. Não foi o caso pois tomo Actimel L-casei imunitass todos os dias. No entanto constatei que apesar de todas as suas propriedades e de nos proteger de sabe lá Deus o quê, a bolha Actimel não é impermeável (como nos fazem a crer no anúncio!).
Quanto ao ponytail, depois de uma bela molha, deixou de ser arrebitado.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Quebra-cabeças

Escondo a cara por detrás de um muffin de chocolate para que não me vejas atrapalhada. Por mim, escondia-a atrás de um pastel de nata mas tu gostas de ser boémia e cosmopolita e eu até que nem me importo com isso. Os meus olhos saltam de coisa em coisa, para não pararem em coisa nenhuma. Abano, de quando em vez, as mãos de uma forma que ainda não sei bem especificar porque nunca me tinha apercebido, até me teres dito que o fazia. Ah, estes embaraços patetas, nem parece que nos conhecemos quase como às palmas das mãos. Os sorrisinhos amarelos que escondem pequenas neuroses mais o pestanejar rápido que deixa adivinhar, para quem sabe, que aí vem coisa, coisa para nós muito séria, bomba atómica e dano colateral! Na realidade facto de pequena importância. Engasgo-me nas palavras e deixo no ar as conversas, para que lhes adivinhes o final. Como és humana, e como humana que és também erras, há vezes em que não acertas, e rimo-nos com gargalhadas espalhafatosas em proporção inversa à gravidade do acontecimento. Quem nos oiça falar, quase que em código ,porque a teu ver sujeito algum deve ter a mínima noção da nossa conversa de livro Harlequim, não consegue, nem ao franzir o sobrolho, descodificar uma sequência de ideias lógica. Continuamos nesta dança de palavras, até que tu, não querendo acreditar no que vai na tua cabeça, dizes em voz baixa o que não consegues guardar par ti, e eu, entusiasmada por teres chegado onde queria que chegasses repito o que acabaste de dizer para que toda a gente oiça, deitando por terra toda a manobra de diversão. Não me importo, encolho os ombros e digo “é assim…” ao que tu respondes “não penses mais nisso”, e por fim levantamo-nos e vamos cada uma para seu lado, coleccionar acontecimentos, para que no próximo encontro de mímica, charadas e quebra cabeças seja pelo menos um pouco mais difícil lá chegar.